As vendas para o Dia das Crianças comemorado este ano em 12 de outubro têm expectativa de movimentar R$ 9,96 bilhões no comércio, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esse valor representa um crescimento de 1,1% em relação a 2024, quando o faturamento foi de aproximadamente R$ 9,85 bilhões.

Se confirmada, será a melhor performance da data nos últimos 12 anos.

Segmentos com maior participação

De acordo com o estudo da CNC, os setores esperados para liderar as vendas são:

  • Vestuário, calçados e acessórios: R$ 2,71 bilhões (27 % do total)
  • Eletroeletrônicos e brinquedos: R$ 2,66 bilhões
  • Farmácias, perfumarias e cosméticos: R$ 2,15 bilhões
  • Móveis e eletrodomésticos: R$ 1,29 bilhão
  • Hipermercados e supermercados: R$ 690 milhões
  • Outros segmentos: cerca de R$ 45 milhões

Essa divisão mostra que, embora brinquedos e eletrônicos sejam fortes na lembrança do consumidor para a data, vestuário e calçados ocuparão a maior fatia de faturamento.

Fatores que limitam o crescimento

Ainda que o cenário seja otimista, a CNC aponta que o crescimento de 1,1 % é contido por fatores macroeconômicos: inflação elevada e taxa de juros alta.

O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, destacou que esses elementos encarecem o crédito e fazem o consumidor ter de priorizar gastos essenciais. “O juro elevado faz o crédito ficar mais caro … o sujeito tem que colocar o pé no freio naquilo que não é considerado essencial para ele”, afirmou.

Atualmente, a taxa Selic está em 15 % ao ano nível que, segundo o Banco Central, visa conter a inflação. Nos 12 meses até agosto, a variação de preços foi de 5,13 %, acima do teto da meta, fixada em 4,5 %.

Outro ponto de alerta é o nível de inadimplência. A taxa de famílias com contas em atraso chegou a 30,4 %, marca recorde desde que a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) começou em 2010.

Inflação específica da data e expectativas por produto

A CNC estima que os produtos típicos da data tenham sofrido inflação média de 8,5 %, acima da variação geral do IPCA. Entre os itens com aumentos mais expressivos:

  • Chocolate: +24,7 %
  • Doces: +13,9 %
  • Lanches: +10,9 %
  • Cinema, teatro e espetáculos: +10,3 %

Por outro lado, itens que tradicionalmente lideram o dia, como brinquedos e roupas infantis, devem registrar inflação mais contida: estimativas são de aproximadamente 4,1 % para brinquedos e 3,3 % para roupas.

Ranking das datas comerciais e comparativos

O comércio brasileiro considera o Dia das Crianças como a terceira data mais relevante em faturamento, ficando atrás apenas de Natal (que registrou R$ 72,8 bilhões em 2024) e Dia das Mães (estimado em R$ 14,5 bilhões para 2025).

No comparativo histórico, o valor projetado para 2025 se aproxima do pico de 2014, quando o faturamento foi de R$ 10,5 bilhões (em reais da época).

Mesmo diante de um ambiente econômico adverso, com inflação e juros elevados, o comércio brasileiro aposta em leve avanço para o Dia das Crianças. Se as projeções se concretizarem, será uma data marcante nos últimos anos, com quase R$ 10 bilhões em movimentação. Ainda assim, o ritmo contido do crescimento demonstra os limites impostos pelos custos de crédito e pelo nível de endividamento das famílias.

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