Exportadores já enfrentam crise antes da vigência das tarifas

Mesmo antes da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, programada para entrar em vigor em 1º de agosto, empresas dos setores de agronegócio e indústria já enfrentam suspensões de contratos e cancelamento de embarques para os Estados Unidos. O alerta foi emitido por líderes das categorias ao portal CNN Brasil.


Setores mais afetados: pescados, madeira e ferro-gusa

  • O setor de pescados, representado pela entidade Abipesca, confirmou que todos os embarques foram suspensos e contratos cancelados. “Se a tarifa de 50% entrar em vigor, a exportação deixará de ocorrer e toda a cadeia produtiva vai travar”, afirmou Eduardo Lobo, presidente da associação.
  • No setor madeireiro, a Abimci informou cancelamentos de contratos e adiamentos em embarques, levando empresas a reduzir produção e implementar férias coletivas, explica Paulo Roberto Pupo, superintendente da associação.
  • Também houve relatos de compradores americanos suspendendo contratos de ferro-gusa, matéria-prima utilizada na siderurgia, segundo o presidente do Sindifer, Fernando Varela.

Suco de laranja em standby; café e carne ainda sem cancelamentos

Enquanto exportadores de suco de laranja afirmam que não houve contratos cancelados, novas vendas estão suspensas até esclarecimentos sobre as tarifas. Já os setores de café e carne bovina ainda não registraram cancelamentos, embora se mantêm em alerta diante da incerteza comercial.


Tentativas de mitigação e diversificação de mercados

As entidades produtivas pressionam o governo brasileiro por negociações urgentes com os EUA e por um adiamento no início da vigência das tarifas. Entre as medidas propostas:

  • Identificação de destinos alternativos para exportações:
    • Para o café, China e Austrália são apontados como potenciais compradores;
    • Para o suco de laranja, a Arábia Saudita aparece como mercado substituto;
    • Para a carne bovina, México, Chile e Vietnã são opções em estudo.

Cronologia das tarifas e contexto diplomático

  • Em 2 de abril de 2025, os EUA impuseram tarifas de 10% sobre importações brasileiras, inclusive de produtos agropecuários, com vigor imediato.
  • Em 9 de julho, o presidente Donald Trump anunciou aumento de cobrança para 50% sobre todos os bens brasileiros, com início previsto para 1º de agosto.

O Brasil reagiu com anunciado recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC) e com tarifas retaliatórias, conforme previsto na Lei de Reciprocidade Comercial aprovada em julho. Apesar disso, ainda não foi formalizada nenhum acordo com os EUA.


Consequências e perspectivas para exportadores

Os relatos indicam que os setores dianteiros do agronegócio e da indústria já estão reduzindo turnos de produção, convocando férias coletivas e avaliando alternativas de mercado, mesmo antes da aplicação plena da tarifa.

Tais impactos antecipados representam um sinal de alerta ao setor privado e ao governo, exigindo respostas firmes para evitar uma crise de exportação com efeito dominó na produção nacional.


Conclusão

A suspensão de contratos e cancelamentos de embarques acontece antes mesmo da vigência das tarifas de 50%, revelando consequências imediatas para setores-chave da exportação brasileira. O agronegócio e a indústria estão em alerta, em busca de alternativas e apoio oficial para evitar uma paralisação abrupta e generalizada das exportações.

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