Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado em 21 de julho, estima que a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, proposta pelo presidente Donald Trump com previsão de início em 1º de agosto, pode causar prejuízos severos à economia brasileira. No longo prazo, estima-se uma perda de até R$ 175 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a uma retração de 1,49%, e a eliminação de mais de 1,3 milhão de postos de trabalho.

Além do impacto global, o estudo da Fiemg aponta que apenas Minas Gerais pode sofrer uma redução de até R$ 21,5 bilhões em um prazo de 5 a 10 anos.

No curto prazo, o cenário é igualmente desfavorável. A aplicação imediata das tarifas pode resultar no fechamento de 538.270 empregos em todo o país e na perda de R$ 47 bilhões no PIB, uma queda de 0,4%. A indústria brasileira, especialmente os setores de siderurgia e transporte, deve ser particularmente afetada — queda estimada de 12% e 23% na produção, respectivamente. O consumo das famílias pode recuar 0,67%, e a arrecadação federal pode diminuir em R$ 1,3 bilhão.

Um outro levantamento, da XP Investimentos, estima que o crescimento do PIB será reduzido em 0,3 ponto percentual em 2025 e em 0,5 p.p. em 2026, refletindo a queda de US$ 6,5 bilhões nas exportações em 2025 e de US$ 16,5 bilhões em 2026.Segundo análises da XP, em caso de retaliação brasileira — o que elevaria os custos de insumos importados —, efeitos inflacionários adicionais podem ocorrer, sobretudo nos setores de farmacêutica e transporte.

Também conforme projeções da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o PIB brasileiro pode sofrer uma redução de 0,16%, com cerca de 100 mil empregos impactados — distribuídos entre 40 mil na agropecuária, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria.

Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, tal guerra comercial representa “risco grave à estabilidade econômica e ao desenvolvimento industrial”. Ele alerta ainda que a retaliação por meio de tarifas bilaterais poderia acarretar inflação interna. O setor industrial defende negociações diplomáticas em vez de reagir com medidas protecionistas.

Contexto internacional

As medidas protecionistas dos EUA fazem parte de uma estratégia tarifária ampla promovida desde o início de 2025, incluindo tarifas de até 25% sobre aço e alumínio e investigações sobre importações de cobre, integrando um pacote sobre US$ 1,4 trilhão em produtos — sem contar o anunciado “tarifaço” sobre o Brasil.

Tais barreiras não apenas penalizam o Brasil, mas também o principal autor da iniciativa: o PIB americano pode sofrer retração de 0,37%, de acordo com a CNI, refletindo a pressão sobre cadeias globais de suprimentos.

Setores afetados

  • Indústria: destaque negativo para siderurgia (-12%), transporte (-23%) e equipamentos de energia, com redução imediata de produção e exportações.
  • Agronegócio: embora produtos básicos (como café, carne, soja e ferro) possam encontrar mercados alternativos, a agropecuária ainda deve enfrentar perdas — estimativas indicam 40 mil postos de trabalho eliminados no setor.
  • Consumo e arrecadação: queda prevista de 0,67% no consumo das famílias e perda de R$ 1,3 bilhão em impostos no curto prazo.

Perspectiva futura

Com vigência prevista para 1º de agosto de 2025, as tarifas poderão ser cessadas se houver acordo bilateral. O governo brasileiro já recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aprovou, em 15 de julho, pela Lei de Reciprocidade Comercial, um pacote de retalição autorizado por decreto presidencial Nº 12.551/2025.

Conclusão

O “tarifaço” dos Estados Unidos representa um risco significativo à economia brasileira, com potencial de comprometer o crescimento do PIB, gerar perdas expressivas de receita, prejudicar a indústria e afetar fortemente o emprego. As entidades econômicas recomendam prioridade à diplomacia e negociação, alertando para os efeitos colaterais na inflação e competitividade interna.

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