Alcance do programa e desempenho abaixo do esperado
Quase um ano após seu lançamento, o programa Voa Brasil, que oferece passagens aéreas por até R$ 200 a aposentados do INSS que não voaram no último ano, alcançou apenas 41.165 bilhetes vendidos, representando 1,37% dos 3 milhões prometidos pelo governo entre julho de 2024 e maio de 2025.
Desde o início do ano, há uma queda contínua nas vendas: janeiro registrou 5.308 passagens, número que caiu para 2.604 em maio, uma diminuição de 17% em relação a abril.
Desempenho das companhias aéreas
- Latam lidera as reservas, com 42,6% do total;
- Gol aparece em seguida, com 42%;
- Azul responde por apenas 15% das vendas.
Em maio, a Gol comercializou apenas 10 bilhetes devido a falhas técnicas; a Azul, 743; e a Latam, 1.851.
Dificuldades enfrentadas pelos beneficiários
A aposentada Maria Aparecida Albernaz, usuária do programa, destaca problemas práticos:
“Essas passagens têm que ser quando há horário disponível e não quando a gente quer. […] difícil porque você precisa ter disponibilidade”.
Com renda limitada — cerca de 70% dos aposentados recebem até um salário mínimo — e restrições tecnológicas, muitos enfrentam dificuldade de acesso ao sistema.
O sócio André Soutelino, do escritório A.L.D.S., critica o modelo: “a renda do público‑alvo […] e o acesso ao programa por meio da plataforma do governo” são fatores que dificultam o êxito.
Estrutura do programa e fatores limitantes
- Meta de oferta: 3 milhões de bilhetes por ano, conforme compromisso feito às companhias.
- Critério de elegibilidade: aposentados que não voaram nos últimos 12 meses — pensionistas e estudantes do Prouni ainda não foram incluídos.
- Base de financiamento: assentos ociosos em períodos de baixa temporada, sem subsídios públicos.
- Acesso via gov.br: usuários precisam autenticação prata ou ouro para compra.
Função social e perspectivas
O governo mantém que o programa cumpre importante função social para inclusão no transporte aéreo. Em maio, o portal oficial registrou cerca de 40 mil reservas — suficientes para lotar 300 aviões com aposentados.
Os destinos mais procurados concentram-se no Sudeste (42,5%) e Nordeste (40%), especialmente cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza.
Reflexão sobre o modelo
A baixa adesão do programa evidencia pontos críticos:
- Oferta limitada em razão da dependência de assentos ociosos;
- Baixa rentabilidade para o público, que ainda custeia taxas extras e dificuldades logísticas;
- Barreiras de acesso, sobretudo por tecnologia e requisitos de renda;
- Público-alvo restrito, sem inclusão de pensionistas ou estudantes até o momento.
Para avançar, especialistas sugerem expansão do público, parcerias com empresas privadas e apoio a voos regionais, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
Conclusão
Embora apresente um ponto de partida promissor para inclusão na aviação, o Voa Brasil tem números muito aquém da meta, revelando falhas operacionais, tecnológicas e de concepção. Seu potencial social está claro, mas ajustes no modelo e ampliação de acesso são essenciais para escalar o programa.
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