O Rio Vermelho, principal fonte de abastecimento de água para Rondonópolis, enfrenta uma crise hídrica sem precedentes. Relatório técnico da Superintendência de Averbação e Cartografia da Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo revela que o nível do rio está em queda contínua desde 2023, com recuperação lenta mesmo durante o período chuvoso.

Queda histórica do nível do Rio Vermelho

Em fevereiro de 2024, ainda na estação chuvosa, o nível médio do rio despencou para 1,49 metros, muito abaixo dos 3 metros esperados. Em outubro do mesmo ano, após precipitação acumulada de 106 mm (média histórica: 140 mm), o nível caiu para 1,20 metros, interrompendo temporariamente a captação em alguns pontos.

Fatores que contribuem para a crise hídrica

Diversos fatores têm contribuído para a redução da vazão do Rio Vermelho:

  • Estiagens prolongadas e chuvas abaixo da média: Em janeiro de 2024, o município registrou apenas 180 mm de chuva, impactando diretamente o volume de água do rio.
  • Uso intensivo de água para irrigação agrícola: A demanda elevada para atividades agrícolas tem pressionado os recursos hídricos disponíveis.
  • Exploração inadequada de aquíferos e falta de proteção das nascentes e matas ciliares: A degradação ambiental compromete a capacidade de recarga do lençol freático e a qualidade da água.
  • Impactos das mudanças climáticas: Alterações nos padrões climáticos têm afetado a regularidade das chuvas e a disponibilidade de água.

Consequências para o abastecimento urbano

O Rio Vermelho responde por aproximadamente 50% da captação de água para o abastecimento urbano de Rondonópolis. Em períodos críticos, cerca de 50% dos bairros enfrentam fornecimento irregular de água. Além disso, a redução da vazão e o assoreamento acelerado elevam os custos de tratamento devido à maior concentração de poluentes.

Medidas recomendadas

A Superintendência de Averbação e Cartografia recomenda ações urgentes para mitigar a crise hídrica:

  • Recuperação de áreas de preservação permanente: A restauração de matas ciliares e nascentes é fundamental para a manutenção do ciclo hidrológico.
  • Proteção das nascentes: Garantir a integridade das fontes de água é essencial para a sustentabilidade hídrica.
  • Implantação de sistemas de monitoramento da qualidade e quantidade de água: Tecnologias de monitoramento permitem uma gestão eficiente dos recursos hídricos.
  • Campanhas de conscientização sobre o uso racional da água: A educação ambiental é crucial para reduzir o desperdício e promover práticas sustentáveis.
  • Planos de contingência para estiagens e cheias: Estratégias preventivas e corretivas são necessárias para lidar com eventos climáticos extremos.
  • Incentivo ao reuso de água e tecnologias de eficiência hídrica na agricultura: Práticas agrícolas sustentáveis contribuem para a conservação dos recursos hídricos.
  • Busca por fontes alternativas de abastecimento: Investimentos em fontes alternativas exigem planejamento e recursos adequados.

A situação exige uma ação coordenada entre poder público, setor privado e sociedade civil para garantir a segurança hídrica de Rondonópolis e a qualidade de vida de seus habitantes.

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