O Monitor do PIB, indicador mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV‑Ibre), apontou que a economia brasileira recuou 0,4% em abril em comparação a março, após avanço de 1,3% no mês anterior. Foi a queda mais acentuada desde outubro de 2024 (‑0,6%), o que indica possível desaceleração no 2º trimestre.


Detalhes da pesquisa

  • Com ajuste sazonal, o Monitor registrou queda de 0,4%, enquanto comparações interanuais revelam expansão de 1,6% em abril frente a abril de 2024, e crescimento de 2,7% no trimestre encerrado em abril. A taxa acumulada no ano móvel até abril foi de 3,1%
  • O PIB corrente acumulado até abril foi estimado em R$ 4,057 trilhões, com taxa de investimento de 18,3%

Componentes que influenciaram o resultado

Pela ótica da oferta, quedas em setores-chave, como agropecuária e indústria, contribuíram para o desempenho negativo.

Na demanda, houve retração em:

  • Consumo das famílias,
  • Gastos do governo,
  • Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos),
  • Exportações.

Comparativo com o IBC‑Br

Embora o IBC‑Br (prévia do PIB do Banco Central) tenha mostrado crescimento de 0,2% em abril, o Monitor da FGV apresenta uma retração mais expressiva. Segundo economistas, essa discrepância está relacionada às defasagens e métodos de dessazonalização utilizados nos modelos .


Avaliação dos economistas

Juliana Trece (FGV‑Ibre) destacou que, mesmo após forte alta em março, a retração de abril pode ser “o início de desaceleração” no ritmo da atividade econômica.

Claudio Considera (FGV‑Ibre) reforçou que a queda nos bens duráveis (‑2,8%) e as taxas altas de juros evidenciam efeito da política monetária restritiva, podendo indicar que o ciclo de alta da Selic está chegando ao fim .


Cenário recente e projeções

  • No 1º trimestre de 2025, o PIB cresceu 2,9% em termos anuais, impulsionado por forte safra agrícola e investimentos .
  • As projeções atuais para o ano oscilam entre 2,2% a 2,3%, de acordo com o Boletim Focus e estimativas Reuters .
  • O ritmo mais lento detectado a partir de abril sinaliza que a aceleração observada no início do ano dificilmente se sustentará, especialmente se os juros permanecerem elevados .

Conclusão

O recuo de 0,4% do Monitor do PIB em abril demonstra que a economia, mesmo após um momento de alta, já mostra sinais de perder força no início do segundo trimestre. A combinação de juros altos, menor dinamismo da demanda e ajustes no consumo e investimento reforçam a tendência de desaceleração. Os próximos movimentos da política econômica, sobretudo no campo monetário e fiscal, serão cruciais para determinar o ritmo do crescimento pelos próximos trimestres.

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