Uma invenção brasileira para monitorar, de forma não invasiva, a dinâmica da pressão intracraniana (PIC) ganhou destaque internacional em 2025. Desenvolvido pela Brain4care, o dispositivo foi incluído pelo Fórum Econômico Mundial entre as tecnologias pioneiras do ano, reforçando o potencial do país em soluções de alta complexidade para a saúde.
O equipamento, já disponível no Brasil e nos Estados Unidos, recebeu autorizações regulatórias de Anvisa e FDA. A oferta é feita em modelo de assinatura mensal de R$ 7,5 mil, sem limite de monitorizações — uma lógica comparada aos serviços de streaming, segundo a empresa.
Como funciona a tecnologia
Leve e portátil, o sensor é fixado na região frontotemporal da cabeça e transmite, via Bluetooth, dados em tempo real para acompanhamento em tablets ou celulares. A solução registra a morfologia do pulso de PIC e parâmetros derivados (como relação P2/P1 e tempo até o pico), permitindo ao profissional interpretar o risco de hipertensão intracraniana e alterações de complacência cerebral. Diferente de métodos tradicionais — que exigem cirurgia para inserção de cateter — o monitor da Brain4care não é invasivo e pode ser aplicado amplamente na prática clínica.
Entre as condições em que a tecnologia ajuda a sinalizar precocemente alterações estão Acidente Vascular Cerebral (AVC), hidrocefalia, tumores cerebrais e parada cardiorrespiratória. A conexão contínua e a análise por profissional habilitado tornam o recurso um aliado para decisões rápidas em contextos críticos.
Reconhecimento internacional
O Fórum Econômico Mundial incluiu a Brain4care em sua comunidade de Technology Pioneers 2025 e tem destacado, em artigos e reportes, o papel de monitoramento não invasivo da dinâmica intracraniana como um novo “sinal vital” para reimaginar o cuidado neurológico. Esses materiais ressaltam o impacto potencial da tecnologia na prevenção, na triagem populacional e na gestão de custos em saúde.
Uso no SUS e evidências científicas
No Brasil, o Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, foi o primeiro da rede pública a adotar o equipamento. Na UTI da instituição, o monitor tem sido utilizado de forma rotineira em pacientes do SUS, com o objetivo de acompanhar alterações cerebrais de maneira contínua e segura.
A empresa e pesquisadores relatam mais de 100 publicações científicas relacionadas à tecnologia, incluindo estudos que exploram a correlação entre parâmetros não invasivos e medições invasivas de PIC, além de análises clínicas sobre sua utilidade para detectar e descartar hipertensão intracraniana. Em 2024, o FDA concedeu clearance 510(k) para o sistema B4C com o sensor BcSs-PICNIW-2000, e a Anvisa mantém documentação pública sobre o sensor.
Modelo de acesso e expansão
Com assinatura mensal de R$ 7,5 mil, hospitais e clínicas têm acesso ilimitado ao uso do monitor. A Brain4care informa presença no Brasil e nos EUA e menciona estudos em andamento em países europeus, o que abre caminho para expansão internacional. Em entrevista mencionada pela imprensa, o CEO Plínio Targa destacou a relevância do problema de saúde pública: “as pessoas não cuidam da saúde cerebral”.
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