Investigação reveladora de fraude fiscal no setor de combustíveis
No dia 28 de agosto de 2025, foi deflagrada a Operação Carbono Oculto, considerada uma das maiores ações contra organizações criminosas no Brasil. A iniciativa, coordenada pela Receita Federal em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal, Polícias Civil e Militar, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e outros órgãos, teve como alvo um amplo esquema de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis.
A operação em Rondonópolis e sua amplitude
Em Mato Grosso, a ação envolveu mandados de busca e apreensão em quatro municípios: Rondonópolis, Feliz Natal, Diamantino e Primavera do Leste — totalizando cinco diligências na região, sendo duas delas em Rondonópolis.
Nacionalmente, foram cumpridos mais de 400 mandados judiciais, incluindo 14 de prisão, além de numerosas buscas e apreensões em empreendimentos suspeitos — com avanço em diversos estados.
Escala e modus operandi do esquema criminoso
- Entre 2020 e 2024, o grupo movimentou R$ 52 bilhões em mais de mil postos de combustíveis investigados em ao menos dez estados.
- Os créditos tributários federais envolvidos ultrapassam R$ 8,67 bilhões, enquanto a movimentação por meio de fintechs soma cerca de R$ 46 bilhões.
- Os investigados movimentaram um patrimônio estimado em R$ 30 bilhões, por meio de cerca de 40 fundos de investimento usados como blindagem financeira. Entre os bens envolvidos estão usinas de álcool, terminais portuários, uma frota de 1.600 caminhões, fazendas milionárias em São Paulo e uma residência de luxo em Trancoso (BA).
- A operação também identificou mais de 300 postos de combustíveis atuando como fachadas, utilizando notas fiscais falsas e adulterando a qualidade e quantidade dos combustíveis destinados ao consumidor final.
Envolvimento do PCC e liderança apontada
Os crimes foram atribuídos a uma fluida rede criminosa com vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os investigados, se destaca Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, apontado como figura central do esquema. Ele já havia sido alvo da Operação Barril Vazio, também contra fraudes fiscais, realizada em 2025. Outros nomes como Mohamad Hussein Mourad (“Primo” ou “João”) e Rafael Souza Ferreira (“Rafa da Federal”) também foram mencionados nas ações.
Impacto econômico estimado
- O esquema causou prejuízo potencial de mais de R$ 7,6 bilhões em tributos federais, estaduais e municipais.
- Além disso, a Justiça já determinou o bloqueio de mais de R$ 3,2 bilhões em bens em todo o país.
Resumo em tabela
Elemento-chave | Detalhes principais |
---|---|
Operação | Carbono Oculto — megaoperação contra fraude bilionária no setor de combustíveis |
Atuação em Rondonópolis | Cumprimento de 2 mandados de busca e apreensão |
Alcance nacional | + de 400 mandados, 14 prisões, ação em vários estados |
Montante movimentado | R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024 |
Créditos tributários | R$ 8,67 bilhões disputados |
Patrimônio oculto | R$ 30 bilhões |
Bens bloqueados | R$ 3,2 bilhões |
Postos envolvidos | +300 com documentação falsa e adulterações |
Líderes acusados | “Beto Louco”, “Primo”, “Rafa da Federal” e outros |
Envolvimento do crime | PCC e uso de fintechs, fundos e práticas de adulteração e sonegação |
Conclusão
A Operação Carbono Oculto desvendou um sofisticado esquema criminoso de fraudes fiscais, adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro, que atingiu profundamente a economia brasileira e prejudicou o consumidor final. Rondonópolis, embora representando uma fração das ações, destaca-se como um ponto estratégico de atuação dessa organização. A investigação reforça a importância da cooperação entre órgãos federais, estaduais e judiciais para combater crimes que envolvem grandes somas e ampla ramificação territorial.
+ Não há comentários
Adicione o seu