Panorama do crédito em junho

Segundo o Banco Central, o estoque total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) avançou 0,5% em junho, atingindo o total de R$ 6,686 trilhões.

No comparativo anual, o ritmo de crescimento desacelerou de 11,8% em maio para 10,7% em junho, reflexo de maior cautela do mercado.


Concessões e juros

  • As concessões de crédito com recursos livres (condições livremente negociadas entre bancos e tomadores) recuaram 1,4% no mês.
  • O saldo dessas operações totalizou R$ 3,9 trilhões, com R$ 1,6 trilhão para empresas e R$ 2,3 trilhões para pessoas físicas.
  • Nos créditos direcionados (com subsídio ou controle público), houve retração de 2,3% em junho.

As taxas médias de juros apresentaram:

  • 45,4% ao ano no crédito livre,
  • 11,8% ao ano no crédito direcionado (queda de 0,2 ponto).

Inadimplência no ponto mais alto desde 2018

A taxa de inadimplência em operações com recursos livres — consideradas aquelas com atraso superior a 90 dias — subiu para 5,0%, ante 4,9% em maio, alcançando o nível mais elevado desde fevereiro de 2018.


Spread bancário e custo de captação

O spread bancário, que mede a diferença entre a taxa cobrada dos clientes e o custo de captação dos bancos, permaneceu em 31,6 pontos percentuais, estável em relação ao mês anterior.


Contexto mais amplo

  • O crédito dirigido continua em expansão anual de 12%, com os recursos para pessoas físicas e jurídicas crescendo respectivamente cerca de 11% e 13% nos últimos 12 meses.
  • Já o crédito livre às pessoas físicas e empresas registrou avanços menores, refletindo maior cautela seja dos instituições financeiras ou dos tomadores.

A decisão do Copom, que elevou a taxa Selic a 15% ao ano no mês anterior, deve perder fôlego por enquanto, aguardando efeitos dessa alta no endividamento e nos depósitos.


Conclusão

  • Embora o estoque de crédito siga crescendo, o mês de junho trouxe sinais de desaceleração nas concessões e uma piora relevante na inadimplência.
  • A má notícia é a alta da inadimplência para nível recorde desde 2018, principalmente entre operações mais vulneráveis do crédito livre.
  • A manutenção dos juros elevados e a queda nas concessões indicam que consumidores e empresas estão mais cautelosos, enquanto o sistema financeiro enfrenta maior risco na carteira ativa.

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