Reação expressiva dos mercados brasileiros
- O anúncio, em 9 de julho de 2025, de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil pelos EUA, com vigência em 1º de agosto, provocou forte volatilidade: o real sofreu uma queda de até 2,8% no câmbio à vista e terminou o dia 10 de julho com recuo próximo a 2%.
- Na bolsa paulista, o índice Bovespa caiu cerca de 0,7%, arrastado por setores estratégicos como aviação e agronegócio, com papéis da Embraer e da Minerva entre os mais afetados.
- Nos EUA, ações de companhias brasileiras listadas, incluindo Itaú Unibanco, Banco Santander e Petrobras, recuaram entre 1% e 3% nas negociações pré-mercado.
Ações do governo brasileiro
- Logo após o anúncio, o presidente Lula convocou reunião de emergência com sua equipe ministerial para traçar a estratégia de resposta.
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a medida como “insustentável” e defendeu a busca por soluções diplomáticas, formando um grupo de trabalho via Casa Civil para responder a possíveis retaliações US-Brasil.
- A pauta inclui diálogo institucional, eventual retaliação respaldada pela Lei da Reciprocidade Econômica (aprovada em abril) e articulação junto à Organização Mundial do Comércio .
Pressão sobre cadeias internacionais e preços dos alimentos
- O agronegócio brasileiro, especialmente café e suco de laranja – que respondem por cerca de 30-35% e mais de 50% das importações norte-americanas, respectivamente – deverá sentir impactos imediatos, com aumento de custos que serão repassados ao consumidor dos EUA .
- O incremento tarifário pode tornar inviável a exportação desses produtos ao mercado dos EUA, elevando preços domésticos nos EUA e pressionando índices de inflação .
Perspectivas econômicas
- A depender da exposição limitada do Brasil ao mercado norte-americano — pouco mais de 10% do total de exportações, equivalendo a aproximadamente 1% do PIB —, o impacto macroeconômico deve ser moderado .
- Analistas, como Graham Stock (RBC BlueBay), consideram o efeito econômico limitado, embora o cenário político fique mais complexo, especialmente com vistas às eleições de 2026.
A dimensão política e diplomática
- Trump justificou a medida como retaliação à “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, afirmando que processos judiciais e interferências do STF em redes sociais atentam contra a liberdade nos EUA.
- Lula, em resposta, enfatizou a soberania nacional, afirmando que Brasil não aceita “ordens externas” e garantiu que o caso de Bolsonaro é conduzido por sua Constituição.
Resumo dos principais números e eventos
Item | Detalhes |
---|---|
Tarifa anunciada | 50% sobre todas as importações brasileiras para os EUA, a partir de 1º de agosto de 2025 |
Queda do real | 2–2,8% contra o dólar |
Impacto bolsa | Bovespa recuou cerca de 0,7% |
Setores afetados | Embraer, Minerva, bancos, agronegócio, commodities |
Exportações expostas | Café (30‑35%), suco de laranja (>50%), além de carne, açúcar e etanol |
Exposição ao mercado EUA | Exposição modesta: ~10% das exportações; ~1% do PIB |
Resposta do governo | Diálogo diplomático, formação de grupo, retaliação possível via lei de reciprocidade |
Cenários possíveis
- Negociação antes de 1º de agosto: Acordo reduzindo a tarifa ou convertendo-a em contingente.
- Implementação sem retaliação: Brasil recorre à OMC; tarifa entra em vigor como ameaça diplomática.
- Escalada comercial: Resposta tarifária brasileira e aumento dos conflitos, com efeitos amplificados.
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