O Índice de Atividade Econômica (IBC‑Br) do Banco Central, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, registrou uma retração de 0,1% em junho, na comparação com maio e já descontados os efeitos sazonais. Esse resultado ficou abaixo da expectativa de alta de 0,05% apontada por sondagens do mercado, surpreendendo analistas e evidenciando os efeitos de uma política monetária mais restritiva.

Embora o desempenho de junho tenha sido negativo, o indicador acumulou um crescimento de 0,3% no segundo trimestre, demonstrando que, apesar do abalo recente, a economia ainda apresentou trajetória positiva no período.

A análise setorial revelou desempenhos distintos:

  • A agropecuária sofreu forte queda de 2,3%, após registrar retração de 4,25% em maio.
  • A indústria recuou 0,1%, interrompendo o avanço de 0,52% observado no mês anterior.
  • Já os serviços avançaram 0,1%, um leve ganho sobre os 0,01% de maio.
  • A componente de impostos sobre produtos, que reflete tributações equivalentes ao PIB, também cresceu 0,1%, revertendo queda de 1,20% em maio.

Na comparação com junho de 2024 (dados sem ajuste sazonal), o índice total teve alta de 1,4%, superando as expectativas da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para 1,25%. Setorialmente, as altas foram: agropecuária 5,0%, serviços 1,8%, indústria 0,6%, enquanto impostos caíram 0,6%.

Além disso, o indicador acumulado em 12 meses até junho mostrou um avanço de 3,9%, mas isso representa uma desaceleração frente ao patamar de 4,04% registrado até maio.

Segundo reportagem da Reuters, o resultado de junho reflete bem o ritmo de desaceleração da economia, fortemente influenciada por uma política monetária rígida, com a taxa Selic mantida em 15% ao ano, um nível próximo do teto da última década. Apesar da inflação ter começado a ceder, ela segue acima da meta de 3%, motivo pelo qual o Banco Central manteve os juros elevados em julho.

Especialistas destacam que a queda do setor agropecuário — reflexo da entressafra de soja e outras safras — foi o principal fator para a queda em junho, enquanto os serviços, impulsionados por um mercado de trabalho robusto, continuam sustentando a expansão em partes da economia.

A divulgação oficial do PIB do segundo trimestre pelo IBGE está prevista para 2 de setembro, data em que será possível confirmar ou não essa trajetória preliminar apresentada pelo IBC‑Br.

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