Um novo levantamento do IBGE em parceria com o Ministério do Turismo revela que os brasileiros gastaram R$ 22,8 bilhões em viagens nacionais com pernoite em 2024 um aumento de 11,7% em relação ao total registrado em 2023, quando os gastos somaram R$ 20,4 bilhões (valores já corrigidos pela inflação).

Apesar desse avanço nos gastos, o volume de viagens se manteve praticamente inalterado: foram registradas 20,6 milhões de viagens no país em ambos os anos, com uma leve retração de 0,1 %

Perfil do gasto e das viagens

  • O gasto médio por viagem com pernoite subiu de R$ 1.706 em 2023 para R$ 1.843 em 2024.
  • Já o gasto diário por pessoa ficou em cerca de R$ 268 em 2024, superior ao valor médio dos anos anteriores (R$ 253 em 2023).

Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, o fato de o número de viagens ter permanecido estável enquanto os gastos aumentaram indica que as viagens tornaram-se mais caras ou que os viajantes optaram por modalidades mais dispendiosas.

Regiões e Estados: origens, destinos e variações

Destinos com maior gasto médio:

  • Nordeste: R$ 2.523
  • Sul: R$ 1.943
  • Centro-Oeste: R$ 1.704
  • Sudeste: R$ 1.684
  • Norte: R$ 1.263

Estados com maior gasto médio como destino:

  • Alagoas: R$ 3.790
  • Ceará: R$ 3.006
  • Bahia: R$ 2.711

Estados com menores médias de gasto como destino (na região Norte):

  • Rondônia: R$ 930
  • Acre: R$ 1.019
  • Amapá: R$ 1.061
  • Pará: R$ 1.085

Quando se considera a origem da viagem, destaque para o Distrito Federal, com gasto médio de R$ 3.090 por viagem de seus moradores. Em seguida aparecem São Paulo (R$ 2.313) como estados de origem de alto gasto.

No recorte regional de origem, segundo o Poder360, o Centro-Oeste lidera com média por viagem de R$ 2.182, seguido pelo Sudeste (R$ 2.128), Sul (R$ 1.787), Norte (R$ 1.451) e Nordeste (R$ 1.206).

Quem viaja, por que e por que não viajam

  • Das 20,6 milhões de viagens registradas em 2024, 85,5% tinham finalidade pessoal, e 14,5% eram por motivos profissionais.
  • Entre as viagens pessoais, lazer correspondeu a 39,8%, seguido por visitas a familiares ou amigos (32,2%).
  • No segmento de lazer, sol e praia foram o principal motivo, representando 44,6% das viagens desse tipo.
  • Outro destaque: o segmento de cultura e gastronomia é o único com crescimento contínuo na série histórica — passou de 15,5% em 2020, para 21,5% em 2023 e atingiu 24,4% em 2024.

Motivos para não realizar viagens:

  • Falta de dinheiro: citado por 39,2% dos domicílios que não viajaram
  • Falta de tempo: 19,1%
  • Não ter necessidade: 18,4%
  • Outros motivos: não ter interesse (8,9%), não considerar prioridade (7,5%) e problemas de saúde (3,8%)

No grupo de domicílios com renda inferior a meio salário mínimo per capita, apenas 10,4% registraram viagem. Já nos lares com renda de quatro ou mais salários mínimos, esse percentual saltou para 45,7%.

Embora 78,7% dos domicílios brasileiros tenham renda per capita inferior a dois salários mínimos, esses domicílios representam apenas 61,1% dos lares onde houve viagem. Ou seja, a participação dos viajantes concentra-se nas faixas de renda mais altas.

Hospedagem, transporte e outros detalhes

  • Em 80,9% dos casos, o destino da viagem pertenceu à mesma região da origem. Dentro desse universo, o Sudeste foi o destino mais frequente (35,3%).
  • Quanto à hospedagem, a opção mais comum foi casa de amigos ou parentes (40,7% das viagens). Seguiram-se hotéis e resorts (18,8%), imóveis por temporada (5,2%), pousadas (5,9%) e imóvel próprio (3,2%).
  • No quesito transporte, ao longo dos anos nota-se retomada dos meios coletivos. Em 2024, as viagens de avião representaram 14,7% do total, e as de ônibus de linha tiveram participação de 11,9%.
  • Em comparação histórica: em 2020, o transporte aéreo era cerca de 10,5%, e em 2023 foi de 13,4% — ou seja, houve crescimento progressivo até 2024.

Considerações finais e implicações para o turismo

A elevação dos gastos com viagens domésticas em 2024 confirma a força do turismo interno como vetor econômico, mesmo em um cenário de volumes estáveis de deslocamentos.

O especialista William Kratochwill observa que o aumento de gastos pode refletir viagens mais longas, escolha de destinos mais caros ou maior demanda por conforto ou seja, o perfil de consumo tende a se sofisticar com a recuperação econômica.

Para o setor, os dados reforçam a necessidade de políticas públicas que estimulem a acessibilidade ao turismo para faixas de renda mais baixas, além de investimentos em infraestrutura (hospedagem, transportes, conectividade) e promoção de destinos culturais e gastronômicos, que têm se destacado como tendências em expansão.

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