Em relatório divulgado nesta quinta-feira (11 de setembro de 2025), o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que a economia dos Estados Unidos, mesmo após período de resiliência, já exibe sinais de pressão. Estão em evidência a desaceleração do crescimento do emprego, a moderação na demanda doméstica e os impactos das tarifas sobre importações, que elevam os riscos de inflação. As autoridades do organismo sugerem que, embora haja espaço para cortes nos juros pelo Federal Reserve, este deverá agir de forma cautelosa, monitorando de perto os próximos dados.


Principais achados do FMI

  1. Revisão para baixo dos dados de emprego
    Foi comunicado que nos 12 meses até março de 2025 foram geradas cerca de 911 mil vagas a menos do que se estimava anteriormente, o que indica que o crescimento do emprego já apresentava sinais de estagnação antes mesmo das tarifas mais agressivas entrarem em efeito. Essa correção nos números foi considerada “um pouco maior” do que o que costuma ocorrer em médias históricas.
  2. Tarifas como fator de risco à inflação
    As tarifas impostas pelo governo dos EUA sobre importações — parte de políticas recentes — têm contribuído para pressionar preços internos. O FMI observa que importações antecipadas no início do ano, em antecipação às tarifas, causaram volatilidade na economia, e as tarifas atualmente em vigor elevam o risco de repasses inflacionários.
  3. Moderação da demanda doméstica
    A demanda interna está mostrando sinais de esfriamento, ou seja, o consumo e outros componentes internos da economia estão perdendo velocidade. Isso, somado à desaceleração do emprego, gera um cenário de fragilidade, mesmo com a economia ainda mantendo alguns fundamentos relativamente sólidos.
  4. Caminho para redução de juros, mas com cautela
    O FMI considera que há margem para que o Federal Reserve comece a cortar as taxas de juros, mas que isso deve ocorrer de forma gradual e condicionada aos dados que são coletados nos próximos meses, particularmente aqueles relativos a emprego e inflação.

Contexto e implicações

  • A inflação anual nos EUA foi estimada em 2,9% em agosto, o que representa a maior taxa desde janeiro de 2025. Esse resultado reforça a percepção de que a inflação ainda não está sob controle pleno.
  • O momento atual combina inflação mais elevada com crescimento do emprego mais lento — uma combinação que preocupa analistas pois pode caracterizar um início de estagflação (situação em que há crescimento baixo ou estagnado e inflação alta).
  • A volatilidade nos preços de importados, energia e alimentos pode aumentar ainda mais os custos para consumidores e para empresas, caso não haja mecanismos robustos de contenção ou uma política fiscal/monetária bem alinhada.

Perspectivas futuras

  • O Fed tem decisão apontada para 17 de setembro de 2025, quando se espera que a autoridade monetária reveja sua política de juros. Embora um corte seja antecipado por alguns participantes do mercado, o ritmo e a magnitude desses cortes dependerão fortemente das próximas informações econômicas.
  • As tarifas continuarão sendo observadas de perto como um fator de risco para o cenário inflacionário. Ajustes no comércio internacional, nos custos de importação, e nos fluxos de cadeia global também terão impacto direto sobre os preços internos.

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