As principais empresas francesas planejam investir cerca de R$ 100 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. O aporte reflete uma agenda compartilhada por governos e setor empresarial visando impulsionar setores estratégicos: energia, transporte, infraestrutura e economia verde.
Motivações e contexto
O entusiasmo das companhias francesas pelo Brasil ganhou novo impulso após encontros de alto nível em eventos como o Fórum Econômico Brasil‑França, em março de 2024. O presidente Emmanuel Macron destacou o potencial brasileiro na economia verde, energias renováveis e defesa, citando exemplos de investimentos franceses na Embraer e no desenvolvimento de helicópteros e submarinos.
Além disso, o apelo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), representada por Ricardo Alban, reforçou a visão de que o Brasil é parte central na estratégia global dessas empresas, sobretudo pela abundância de recursos naturais e uma matriz energética renovável.
Setores prioritários
Os recursos deverão atender a setores-chave alinhados às transformações industriais nacionais:
- Energia limpa e economia verde: investimentos em energia solar, eólica, biocombustíveis e tecnologias sustentáveis.
- Transporte e logística: renovação da frota, como aviões e submarinos, além de modernização de infraestruturas.
- Nova Indústria Brasil: programa federal que canaliza R$ 300 bilhões para modernização industrial até 2026. A presença francesa neste programa evidencia sinergia e potencial operacional conjunto.
Investimentos franceses hoje
- Estima-se que o estoque atual de investimentos franceses no Brasil gira em torno de US$ 45 bilhões (2023), com cerca de 900 empresas presentes e mais de 700 mil empregos diretos.
- A AFD, agência de desenvolvimento francesa, já destinou cerca de € 2,6 bilhões desde 2007 e se comprometeu com mais € 2 bilhões em projetos brasileiros nos próximos quatro anos, voltados para energia renovável, bioeconomia, infraestrutura urbana e saneamento.
Benefícios mútuos
Para o Brasil:
- Fortalecimento da transição para uma economia de baixo carbono.
- Modernização de infraestrutura crítica (portos, aeroportos, transportes).
- Fortalecimento industrial com geração de empregos de qualidade.
Para a França:
- Acesso privilegiado a mercados estratégicos e recursos naturais brasileiros.
- Aprimoramento de expertise em energias renováveis e tecnologia verde.
- Fortalecimento de sua posição como investidor de peso em economias emergentes.
Desafios e condicionantes
- Acordo Mercosul‑UE: sua concretização pode aumentar a segurança jurídica e ampliar fluxos comerciais entre os países, mas ainda enfrenta pendências políticas.
- Balanço comercial assimétrico: atualmente, investimentos franceses no Brasil superam em muito os aportes brasileiros na França, exigindo ações para equilibrar a parceria.
- Regulação e ambiente de negócios: exigem estabilidade regulatória, agilidade nas concessões e incentivos fiscais para maximizar o retorno dos investimentos.
Perspectivas
Com a economia brasileira ganhando relevância global e impulsionada por políticas de transição energética, o investimento francês chega em momento favorável. A consolidação do aporte de R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos pode intensificar a cooperação bilateral e criar novos benchmarks em sustentabilidade, inovação e industrialização.
Este movimento alinha-se ao plano Nova Indústria Brasil, que prioriza modernização tecnológica, sustentabilidade energética e diversificação produtiva, com segurança institucional e parcerias estratégicas.
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