Nesta segunda-feira (10), economistas criticaram a falta de propostas concretas de redução de despesas no pacote fiscal apresentado pelo governo, após o anúncio de medidas voltadas exclusivamente ao aumento de receita, como a elevação do IOF e mudanças tributárias.
Medidas propostas pelo governo
O plano anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê:
- Instaurar cobrança de IR de 5% sobre rendimentos de LCIs e LCAs, hoje isentos;
- Eliminar a alíquota reduzida de CSLL para fintechs (9%), equiparando-as aos bancos (15%–20%)
- Aumentar taxação sobre apostas esportivas e transações privadas (IOF)
Críticas dos economistas
Especialistas alertam que essas medidas não enfrentam o cerne do problema: o crescimento do gasto público. Alexandre Espírito Santo (Way Investimentos) apontou:
“A origem do problema não é tocada, de fato, que é fazer reformas e cortar gastos”
Sérgio Vale, da MB Associados, comentou que o corte linear de 10% em benefícios tributários reflete a ausência de um plano sólido:
“Dá ideia de que o governo não tem um plano de voo sobre o que fazer exatamente.”
Propostas estruturais em discussão
Economistas defendem medidas estruturais que ainda não estão no debate oficial em Brasília:
- Limitar reajustes do salário mínimo acima da inflação;
- Revisar programas sociais – especialmente benefícios como o BPC;
- Racionalizar transferências a fundos, incluindo o de educação básica.
Há ainda a expectativa de reformas como a reativação de um teto fiscal semelhante ao antigo regime (PEC 95), ou a adoção de gatilhos automáticos para conter despesas obrigatórias quando ultrapassam limites definidos pelo novo arcabouço fiscal.
Pressão do mercado
O setor financeiro intensificou a cobrança por disciplina fiscal. Líderes de grandes bancos – como BTG, Bradesco e Santander – apontaram que o aumento de impostos, sem cortes, pode comprometer o crescimento econômico. Eles recomendam que o governo priorize eficiência no gasto antes de recorrer à tributação.
Cenário e próximos passos
O governo avalia o envio ao Congresso de um projeto que reduziria benefícios fiscais em até 10%, além de limitação de despesas com educação. Porém, a ausência de cortes significativos nas despesas correntes preocupa economistas, que afirmam que, sem ajustes estruturais em áreas obrigatórias, o controle fiscal continuará sendo insustentável a médio prazo .
O sucesso no cumprimento da meta fiscal dependerá de uma combinação: compensar a arrecadação com cortes e modernização do gasto, trazendo previsibilidade e confiança ao mercado e à sociedade.
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