Um estudo conjunto da The Food Foundation e do Centro de Supercomputação de Barcelona (BSC) aponta que eventos climáticos extremos – secas, ondas de calor e chuvas intensas – estão elevando significativamente os preços globais de alimentos.

Exemplos e fenômenos observados

  • No Reino Unido, o preço da batata registrou altas acima da média.
  • Nos EUA (Califórnia e Arizona), o preço dos vegetais aumentou em cerca de 80%.
  • As cebolas tiveram alta de 89% na Índia após ondas de calor.
  • Em países como Japão, Coreia e África Ocidental, aumentos de 50% foram observados em alimentos como azeitonas, arroz, repolho e cacau.

O fenômeno não fica restrito a culturas pontuais: picos em alimentos globais, como o cacau – recorde de alta de 300% no preço –, afetam também os mercados secundários, como o chocolate no Reino Unido.

Impactos socioeconômicos

  • Pobreza nutricional: famílias de baixa renda reduzem o consumo de frutas e verduras, optando por produtos menos saudáveis.
  • Inflação e política: o aumento no preço dos alimentos dificulta a contenção da inflação global, pressionando taxas de juros – e pode influenciar protestos e resultados eleitorais.

Cenário global e projeções futuras

Pesquisas do Banco Central Europeu e de centros climáticos estimam que as mudanças climáticas podem elevar a inflação de alimentos de 0,1% ao mês até mais de 4% ao ano, especialmente em regiões mais quentes. Até 2035, esse impacto pode adicionar entre 0,8 e 1,8 pontos percentuais à inflação global.

Conectando causas a consequências

A pesquisa mapeou 16 episódios de alta de preços em 18 países entre 2022 e 2024. Temperaturas e chuvas fora da curva – recordes de calor ou secas prolongadas – desde 2020 ficaram bem acima das médias históricas, pressionando colheitas.

Medidas recomendadas

Para mitigar o impacto, especialistas defendem:

  1. Redução imediata das emissões de gases-estufa para frear o agravamento dos eventos extremos.
  2. Fortalecimento da resiliência dos sistemas alimentares, com estratégias como irrigação inteligente, sementes mais resistentes e maior diversificação agrícola.
  3. Planejamento econômico e social, como subsídios e políticas públicas focadas na segurança alimentar e controle da inflação.

Conclusão

As mudanças climáticas já estão elevando os preços dos alimentos de forma direta e significativa, pressionando a qualidade nutricional de populações carentes, distorcendo indicadores econômicos e exigindo respostas políticas urgentes. Se não houver ação global coordenada em mitigação e adaptação, esse cenário tende a se agravar nos próximos anos.

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