Na segunda-feira, 8 de setembro de 2025, o governo francês liderado pelo primeiro-ministro François Bayrou foi derrubado em votação de confiança na Assembleia Nacional, intensificando uma grave crise política e econômica na França — a segunda maior economia da zona do euro.

Derrota na votação de confiança

Bayrou, que assumiu o cargo em dezembro de 2024, perdeu por ampla margem: 364 votos contra e apenas 194 a favor. A proposta de orçamento para 2026, que previa cortes e economias de €44 bilhões, além da supressão de feriados, se mostrou amplamente impopular e fraternizou oposição de partidos dos extremos, tanto da esquerda quanto da direita.

Cenário político fragmentado

Desde as eleições legislativas de 2024, a França convive com uma Assembleia sem maioria clara. O cenário de “parlamento pendurado” tornou a formação de governo estável impossível, com numeração equilibrada entre formções como o New Popular Front (esquerda), o National Rally (extrema-direita) e o bloco Renaissance de Macron.

Consequências econômicas e na UE

A dívida pública francesa atingiu €3,3 trilhões, equivalente a 114% do PIB, e o déficit em 2024 ficou em 5,8% do PIB — muito acima dos limites estabelecidos pela União Europeia (3% para déficit e 60% para dívida). Os custos de financiamento, já elevados, podem disparar nos próximos anos, especialmente com o serviço da dívida estimado em mais de €100 bilhões até 2029.

Nas bolsas e mercados financeiros, a instabilidade foi clara: os rendimentos da dívida pública subiram e os spreads em relação aos títulos alemães ampliaram-se. Alguns analistas chegaram a comparar os riscos àqueles vivenciados por Itália e Grécia. O índice CAC 40 caiu, e ações de grandes bancos como BNP Paribas e Société Générale recuaram mais de 4%.

Pressão sobre Macron e possibilidades de saída

O presidente Emmanuel Macron descarta nova dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas, apesar da pressão para isso tanto da oposição quanto de parte da opinião pública. Com a renúncia de Bayrou formalizada para terça-feira, Macron passa a buscar seu quarto primeiro‐ministro em menos de dois anos, em meio à turbulência.

Impactos no ambiente europeu

Dada a importância da França para a União Europeia, o colapso deste governo fragiliza o bloco como um todo. A falta de liderança clara compromete a capacidade de enfrentar grandes desafios compartilhados, como transição tecnológica, políticas industriais, comerciais e ambientais. Em casos de intensificação da instabilidade política e fiscal, o país pode ainda enfrentar rebaixamentos de nota de crédito, o que ampliaria a pressão financeira.


Resumo dos Dados Principais

  • Data da queda: 8 de setembro de 2025
  • Votos: 364 contra / 194 a favor
  • Proposta fiscal: €44 bilhões em cortes e austeridade
  • Dívida pública: €3,3 trilhões (114% do PIB)
  • Déficit orçamentário (2024): 5,8% do PIB
  • Consequência financeira: aumento do custo da dívida, risco de rebaixamento
  • Política interna: quarto primeiro-ministro em menos de dois anos; Macron evita dissolução do Parlamento
  • Risco europeu: instabilidade fragiliza a liderança da UE e compromete ações conjuntas

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