Panorama geral

Executivos de peso dos bancos de Wall Street, entre os quais Citigroup, Wells Fargo, JPMorgan Chase, Goldman Sachs e Morgan Stanley, expressaram preocupação esta semana com o impacto das recentes tarifas de importação impostas pelo governo Trump sobre a economia dos EUA. Mesmo após resultados sólidos no segundo trimestre, o tom é de cautela.


Inflação em alta

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) registrou alta de 0,3% em junho — o maior avanço em cinco meses, impulsionado pelo aumento dos custos dos bens importados. Economistas creditam esse movimento ao repasse das tarifas aos preços finais.
Analista Gustavo Sung, da Suno Research, reforçou que “o qualitativo ligeiramente pior mantém a postura cautelosa do banco central americano” e que os efeitos das tarifas devem se intensificar nos próximos trimestres.


Empresas e comportamento cauteloso

  • Jane Fraser (Citigroup) apontou que muitos clientes empresariais passaram a pausar investimentos de capital (capex) e contratações. Deliverou que, embora o consumo esteja forte, há receio de desaceleração no segundo semestre se os preços já elevados continuarem subindo.
  • Charles Scharf (Wells Fargo) afirmou que os clientes procuram evitar o repasse direto das tarifas de 10% ao consumidor. Mesmo assim, estão reduzindo estoques, limitando contratações e traçando planos de contingência. Ele também alertou para risco de valorização excessiva em ativos financeiros.

Bancos mostram resiliência, mas alertam para riscos

Todos os seis grandes bancos superaram as expectativas de lucro no segundo trimestre, beneficiados pela sólida situação financeira de consumidores e empresas – além da intensa atividade em trading desks.

Contudo, Jamie Dimon (JPMorgan Chase) mantém postura cautelosa, alertando para “riscos significativos persistentes”, apesar de reconhecer resiliência econômica.
David Solomon (Goldman Sachs) destacou as incertezas crescentes, citando fatores geopolíticos e a indefinição de acordos comerciais.
Por outro lado, Sharon Yeshaya (CFO do Morgan Stanley) adotou tom mais otimista, ressaltando expectativa de retomada de fusões e aquisições no segundo semestre.


Perspectivas econômicas e risco de recessão

Após o anúncio das tarifas no “Dia da Libertação” (2 de abril), índices como S&P 500 e Nasdaq chegaram a sofrer quedas, mas voltaram a alcançar máximas históricas em 27 de junho.
O JPMorgan havia projetado inicialmente uma chance de recessão de 60% para os EUA em 2025, mas revisou para 40% mais recentemente.


Impactos para o consumidor e próxima fase do Fed

O avanço da inflação pressiona o Federal Reserve, que enfrenta dilemas sobre a necessidade de aumentar juros mais uma vez ou segurar altas até perceber efeitos completos das tarifas. A alta nos preços pode, por sua vez, desestimular gastos das famílias — essencial para a economia americana.


Conclusão

De um lado, Wall Street celebra lucros robustos e a solidez do consumidor. Do outro, os líderes dos principais bancos mantêm alerta sobre a propagação das tarifas, aumento da inflação, cautela corporativa e o risco de recessão. Trata-se de um cenário em que ganhos recentes convivem com incertezas relevantes para o segundo semestre.

+ Não há comentários

Adicione o seu