O novo Boletim Focus, divulgado em 21 de julho, revela diminuições nas estimativas de inflação para os próximos anos, mas confirma que o IPCA 2025 ficará acima do teto oficial. Confira os principais pontos:
Inflação ainda fora da meta
- A previsão do mercado para o IPCA em 2025 recuou de 5,17% para 5,10%, marcando a oitava semana consecutiva de revisões para baixo.
- Em 2026, a estimativa caiu de 4,50% para 4,45%, sinalizando possibilidade de redução para dentro da faixa de tolerância (até 4,5%).
- Embora a inflação projetada tenha diminuído, ainda se encontra acima do teto de 4,5%, conforme o regime de metas do Conselho Monetário Nacional (3% ± 1,5 p.p.).
Horizon estratégico e carta aberta
- A persistência da inflação acima do teto por seis meses consecutivos — já concretizados até junho (IPCA de 5,35%) — ativou a regra do novo regime de metas contínuas.
- Em 10 de julho, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enviou carta ao ministro da Fazenda sinalizando o compromisso de trazer a inflação para dentro da faixa até o 1º trimestre de 2026.
Cenário para juros, câmbio e PIB
- A Selic segue em 15% ao ano, sem perspectiva de cortes até, pelo menos, março de 2026 — quando o mercado já projeta uma baixa para 14,5%.
- Projeção cambial indica dólar em R$ 5,65 ao final de 2025 e R$ 5,70 na virada de 2026.
- A estimativa para o PIB de 2025 permanece em 2,23%, mas deve desacelerar para 1,88% em 2026, com leve redução em relação aos relatórios anteriores.
Perspectivas e riscos
- O mercado projeta que a inflação suavizada para os próximos 12 meses recuará para 4,49%, dentro da meta, o que sustenta esperança de convergência.
- O ambiente exige manutenção da política monetária ainda restritiva, já que pressões de serviços, alimentos e energia persistem, além dos efeitos defasados da Selic alta.
Resumo das Projeções:
Indicador | 2025 | 2026 | 2027+ |
---|---|---|---|
IPCA | 5,10% | 4,45% (↓) | 4,00% (previsto) |
Selic (fim) | 15% | 15% (primeiro corte previsto para mar/26) | 12,50% (fim de 2026) |
PIB | 2,23% | 1,88% | — |
Câmbio (R$/US$) | 5,65 | 5,70 | — |
Contexto e explicações da autoridade monetária
- A carta aberta de julho detalha que os fatores que elevaram a inflação — alta dos combustíveis, pressão nos serviços e alimentos industrializados — foram fundamentais para o desvio da meta.
- O horizonte relevante da política monetária, estendido até o 4º trimestre de 2026, orienta a estratégia do Copom e do BC para restabelecer o patamar de 3% no centro da meta.
Conclusão
Embora as projeções para inflação sofram revisões ligeiramente otimistas, o Brasil ainda enfrenta uma trajetória inflacionária acima do desejado. A manutenção da taxa de juros elevada e o compromisso formal do Banco Central — por meio de carta aberta — marcam uma postura firme. A expectativa é que o IPCA volte à meta dentro de nove meses, com os cortes na Selic apenas após março de 2026.
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