Em maio de 2025, a dívida bruta do setor público brasileiro alcançou 76,1% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (30) . Esse valor representa R$ 9,3 trilhões, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior, já revisado.

O que impulsionou o aumento da dívida?

  • Gastos com juros exerceram a maior pressão, elevando a dívida em +0,8 p.p. do PIB. Isso se deve tanto ao crescimento do estoque da dívida quando ao aumento da taxa Selic .
  • Por outro lado, a correção contábil pelo aumento do PIB nominal contribuiu com –0,6 p.p., suavizando parcialmente o impacto .

Dívida líquida e déficit primário

  • A dívida líquida —que subtrai ativos do governo da dívida bruta— atingiu 62,0% do PIB (R$ 7,5 trilhões), alta de 0,5 ponto percentual em maio .
  • O déficit primário do setor público consolidado foi de R$ 33,7 bilhões, melhor resultado comparado aos R$ 63,9 bilhões negativos de maio de 2024 .
  • No acumulado de 12 meses até maio, o governo apresentou superávit primário de 0,2% do PIB, mas os juros representaram 7,77%, resultando num déficit nominal de 7,58% do PIB .

Contexto do aperto fiscal

  • A Selic subiu para 15% ao ano após mais um aumento de 0,25 p.p. pelo Copom, atingindo o maior patamar desde julho de 2006 .
  • Em 12 meses, cada ponto percentual adicional na Selic eleva a dívida bruta em cerca de R$ 51,7 bilhões, ou 0,42 p.p. do PIB .
  • Pelo critério do FMI, que inclui títulos do Tesouro sob gestão do Banco Central, a dívida bruta seria ainda maior: 88,4% do PIB em maio, frente a 88,6% no mês anterior .

Projeções para os próximos anos

  • No relatório Prisma Fiscal, o Ministério da Fazenda projeta que a dívida atingirá 84,49% do PIB em 2026 .
  • A IFI (Instituição Fiscal Independente) estima 82,4% em 2026, com crescimento para 100% em 2030 e 124,9% em 2035 .

Análise e riscos

  • Os elevados gastos com juros, impulsionados por Selic alta e dívida crescente, pressionam o orçamento público e limitam investimentos em áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura .
  • A dívida sensível à taxa de juros (títulos LFTs) já responde por quase 50% do total, tornando o país vulnerável a qualquer alta adicional da Selic .
  • Caso a trajetória fiscal não seja contida, o custo de captação do Brasil pode aumentar, impactando a confiança de investidores e pressionando o real .
  • Medidas como emissão de títulos em moeda estrangeira (panda bond, eurobonds e bonds “verdes”) têm sido adotadas para diversificar fontes de financiamento e conter custo da dívida .

Conclusão

A alta da dívida bruta para 76,1% do PIB em maio, influenciada por juros elevados, expõe o país a novos desafios fiscais. Apesar de haver melhora no déficit primário, o peso dos juros e as projeções de crescimento da dívida reforçam a necessidade de medidas que restrinjam os gastos e promovam o controle dos indicadores econômicos.

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