Em agosto de 2025, o Brasil apresentou deflação de 0,11%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE em 10 de setembro. Foi a primeira variação negativa do índice no ano e a mais acentuada desde setembro de 2022.


Principais influências da deflação

A queda nos preços foi puxada especialmente por três grupos:

  • Habitação: variação de −0,90%, com destaque para a queda de 4,21% na tarifa de energia elétrica residencial, em parte atribuída ao “Bônus de Itaipu”, que impactou cerca de 80,8 milhões de consumidores.
  • Alimentação e bebidas: recuo de −0,46%, com alimentos de uso cotidiano em destaque — tomate (−13,39%), batata-inglesa (−8,59%), cebola (−8,69%), arroz (−2,61%) e café moído (−2,17%).
  • Transportes: queda de −0,27%, motivada principalmente pela redução nos preços de combustíveis (gasolina −0,94%, etanol −0,82%, gás veicular −1,27%) e recuo em passagens aéreas (−2,44%).

Juntos, esses três segmentos puxaram para baixo o índice geral do IPCA, respondendo por uma influência negativa de cerca de −0,30 ponto percentual.


Outros grupos com alta

Apesar da deflação geral, alguns setores registraram elevação de preços:

  • Educação: +0,75%, consequência de reajustes em cursos regulares, principalmente ensino superior (+1,26%) e ensino fundamental (+0,65%)
  • Vestuário: +0,72%
  • Saúde e cuidados pessoais: +0,54%
  • Despesas pessoais: +0,40%

Panorama inflacionário anual e tolerância da meta

  • Acumulado de 12 meses até agosto: 5,13%, ante 5,23% no acumulado até julho.
  • Em 2025, até agosto, inflação acumulada: 3,15%.
  • A taxa de inflação anual permanece acima do limite superior da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%, ainda que mais próxima deste limite com a deflação em agosto.

Diferenças regionais e índices por faixa de renda

  • O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para famílias com rendimento de até cinco salários mínimos, registrou variação de −0,21% em agosto. Nos 12 meses, ficou em 5,05%, abaixo do patamar anterior.
  • Regiões metropolitanas apresentaram variações distintas: Vitória teve alta de 0,23%, puxada pela energia elétrica residencial e taxas de água e esgoto; Goiânia e Porto Alegre registraram as maiores quedas, principalmente por conta da energia elétrica residencial e também da gasolina.

Desafios e implicações

  • A deflação traz algum alívio para o bolso do consumidor, sobretudo em itens essenciais como alimentação e energia, mas preocupações persistem quanto à sustentabilidade desse movimento em função de grupos que seguem com aumentos.
  • A inflação acima da meta oficial continua a representar desafio para a política monetária do país, que precisa equilibrar cortes ou ajustes de juros com o risco de retomada de pressões inflacionárias.
  • Itens voláteis, como combustíveis e tarifas públicas, continuam sendo fontes potenciais de volatilidade nos índices.

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