Panorama do levantamento

Um estudo recente do banco suíço UBS revelou que o Brasil, apesar de ser a nação com maior número de milionários na América Latina, também lidera o ranking de desigualdade econômica entre os 56 países mais ricos, medidos pelo coeficiente de Gini de riqueza. No ano fiscal de 2024, houve crescimento de 1,6% no número de brasileiros com mais de US$ 1 milhão em ativos, totalizando cerca de 433 000 pessoas, segundo a análise.

O estudo revelou ainda que a desigualdade no país atingiu o patamar de Gini 81, ficando atrás apenas de África do Sul (82), nos dados de 2023 — um dos níveis mais elevados entre as nações mais economicamente desenvolvidas.


Números em destaque

  • Com 4,6% de crescimento do patrimônio médio por adulto em 2024, o Brasil teve aumento expressivo de riqueza, embora acompanhado por alta concentração.
  • Desde 2008, a riqueza média por adulto cresceu cerca de 375%, um desempenho superior a países como México e China.
  • Apesar disso, o coeficiente de Gini de riqueza subiu de 84,5 (2000) para 88,4 em 2022, reduzindo levemente em 2023, mas ainda entre os mais altos do mundo.

O que é o coeficiente de Gini

O índice de Gini varia entre 0 (igualdade total) e 100 (desigualdade absoluta). Valores acima de 80 indicam forte concentração de riqueza. Em 2023, apenas África do Sul e Brasil alcançaram níveis tão elevados entre os países analisados .


O paradoxo brasileiro

O Brasil exibe, simultaneamente:

  • Um crescimento significativo da riqueza média por adulto;
  • E níveis recordes de concentração da riqueza. Por exemplo, a relação entre riqueza média e mediana é superior a 5:1, evidenciando que poucos concentram fortunas muito altas.

Esse cenário contrasta com o avanço de milhões de pessoas para classes médias, conforme aponta o UBS global.


Desafios e implicações

  • Crescimento com desigualdade: apesar do aumento da riqueza, grande parte dos ganhos permanece concentrada no topo.
  • Impactos sociais e econômicos: altos níveis de desigualdade podem comprometer a coesão social, limitar a mobilidade econômica e atrapalhar o crescimento sustentável.
  • Políticas públicas em foco: reduzir a desigualdade requer estratégias como tributação progressiva, educação e programas de transferência de renda — áreas em que o Brasil tem histórico misto .

Verificação e comparação internacional

Segundo dados da ONU e do Banco Mundial, o Brasil permanece com índice de Gini de renda superior a 0,50 — entre os mais altos globalmente —, enquanto vizinhos latino-americanos como Chile, México, Argentina e Peru apresentam índices entre 0,41 e 0,44.


Conclusão

Mesmo com elevado crescimento da riqueza, o Brasil enfrenta um grave problema de desigualdade. Liderar esse ranking negativo entre os países mais avançados destaca o desafio de promover crescimento que beneficie toda a população.

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