Na tarde de 29 de junho de 2025, durante ato político na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex‑presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que não almeja voltar ao Palácio do Planalto, mas pediu apoio aos eleitores para conquistar 50% das cadeiras da Câmara e do Senado nas eleições de 2026. “Se vocês me derem […] eu mudo o destino do Brasil”, disse, enfatizando que bastaria essa coalizão para indicar líderes do Congresso, controlar comissões, aprovar indicações ao Banco Central e agências reguladoras.
Pontos centrais do discurso:
1. Ausência de ambição ao Planalto
Bolsonaro reforçou que não pretende se candidatar em 2026: “nem eu preciso ser presidente; o Valdemar Costa Neto, me mantendo como presidente de honra do PL, nós faremos isso por vocês.” Sua estratégia visa manter influência política por meio do partido.
2. Estratégia legislativa
O ex‑presidente destacou a importância de eleger deputados e senadores aliados para assumir a liderança do Congresso Nacional, dominar comissões-chave e conduzir sabatinas. “Quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente”, afirmou durante o ato “Liberdade Já!”.
3. Apoiadores presentes
No evento estiveram políticos como Flávio Bolsonaro (senador‑RJ), e governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC) e Cláudio Castro (RJ). Também marcaram presença autoridades do PL, como o presidente Valdemar Costa Neto, deputados Sóstenes Cavalcante e Coronel Zucco, além do senador Magno Malta e do pastor Silas Malafaia.
Críticas à economia e ao STF
Durante o discurso, Bolsonaro afirmou que um processo no STF é “fumaça de golpe” e criticou a política econômica do governo Lula, mencionando a perda de um contrato de R$ 15 bilhões da Embraer atribuída à atual gestão. Também criticou a alta da Selic e o recente decreto do IOF, reforçando que “o Brasil não suporta mais o governo gastador e o aumento de impostos”.
Participação e repercussões
- Estimativa do uso de inteligência artificial da USP, baseada em 34 imagens aéreas, apontou cerca de 12,4 mil participantes no pico do evento, com margem de erro de ±1,5 mil.
- Foi o menor público em manifestações do bolsonarismo desde o fim do mandado, contrastando com as 150 mil pessoas em fevereiro de 2024.
- Lideranças do governo federal, como o ministro Paulo Teixeira (PT), ironizaram o baixo comparecimento, chamando o ato de “despedida do futuro presidiário”.
Contexto jurídico
O ato ocorreu enquanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF, iniciou a fase de alegações finais em processo contra Bolsonaro, investigado por suposta trama golpista. O ex-presidente classificou esse processo como “fumaça de golpe”.
Conclusão
O discurso de Jair Bolsonaro em São Paulo apresentou uma estratégia clara: construir poder político sem a necessidade de voltar à presidência. Com foco no Congresso, ele aposta em maiorias legislativas como instrumento de influência e pressão. Contudo, o evento reflete tanto ambições políticas definidas quanto os limites atuais do apoio popular, em um contexto marcado por conflitos institucionais e judicialização de sua atuação.
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