A região que abriga a maior floresta tropical do mundo continua a ser foco de interesse global — tanto por sua importância ambiental quanto por suas vastas riquezas naturais. Com aproximadamente 60% de sua extensão localizada no território brasileiro, a Amazônia representa um dos patrimônios ecológicos e econômicos mais valiosos do planeta.
Dimensão e biodiversidade sem precedentes
Segundo dados do IBGE (2004), a Amazônia brasileira ocupa uma área de 4.196.943 km², o equivalente à cerca de 40% do território nacional, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, além de porções do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins.
A biodiversidade é monumental: estima-se que o bioma abriga 2.500 espécies de árvores — um terço de toda a madeira tropical do mundo — e 30 mil espécies de plantas, de um total de 100 mil encontradas na América do Sul. A fauna é igualmente expressiva, com 427 espécies de mamíferos, 1.294 de aves, 378 de répteis, 400 de anfíbios, 3.000 de peixes e mais de 100 mil espécies de invertebrados, representando cerca de 20% de toda a fauna mundial.
Amazônia: o coração hídrico do planeta
A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com aproximadamente 6 milhões de km² e mais de 1.100 afluentes. O rio Amazonas, principal curso d’água da região, despeja cerca de 175 milhões de litros de água por segundo no Oceano Atlântico, sendo também o rio mais largo do mundo. Os rios amazônicos são classificados em três tipos: de águas barrentas (como o Amazonas e o Madeira), águas claras (como o Xingu e Tapajós) e águas pretas (como o Rio Negro).
Relevo, solo e clima
O relevo amazônico é dominado por planícies alagáveis e planaltos, onde se localiza o Pico da Neblina, ponto mais alto do Brasil, com 3.015 metros. O solo, geralmente arenoso e pouco fértil, depende da decomposição orgânica para formar uma camada rica em húmus, essencial para a vegetação da região. O clima é equatorial úmido, com altas temperaturas e chuvas abundantes durante todo o ano.
Riquezas naturais e importância econômica
A floresta amazônica oferece uma ampla gama de bens e serviços ecossistêmicos, incluindo matérias-primas como madeira, combustíveis e fibras, além de alimentos, produtos farmacêuticos, recursos genéticos e serviços ambientais, como regulação climática e proteção de habitats. O setor de base florestal, que abrange seis cadeias produtivas, representa cerca de 4% do PIB brasileiro e gera aproximadamente 6 milhões de empregos.
A região também é rica em minérios, incluindo ferro, manganês, cobre, alumínio, zinco, níquel, cromo, titânio, nióbio, fosfato, ouro, prata, platina e paládio. Além disso, lidera na oferta de princípios ativos utilizados pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos.
Amazônia sob ameaça: biopirataria e exploração ilegal
Apesar de sua importância estratégica, a Amazônia é alvo frequente de práticas ilegais, como extração clandestina de madeira e biopirataria. Denúncias da Polícia Federal indicam que cerca de 90% da madeira exportada do Brasil seria de origem ilegal, com destino a 19 países, entre eles EUA, Alemanha, França, China e Bélgica.
A biopirataria — termo cunhado na década de 1990 — refere-se à apropriação indevida de recursos genéticos e conhecimentos tradicionais por parte de estrangeiros, muitas vezes disfarçados de turistas ou pesquisadores. O conhecimento ancestral das comunidades amazônicas é frequentemente explorado sem autorização, sendo patenteado por empresas multinacionais em seus países de origem.
Segundo a ambientalista Vandana Shiva, esse processo equivale à “pilhagem da natureza e do conhecimento”, comparável ao saque colonial de recursos naturais.
Responsabilidade compartilhada
As críticas internacionais à política ambiental brasileira muitas vezes ignoram a complexidade da proteção de uma área com mais de 4 milhões de km². Especialistas destacam que o combate eficaz à exploração ilegal depende tanto do fortalecimento das instituições brasileiras quanto do controle rigoroso das fronteiras nos países compradores.
A retórica internacional nem sempre reflete ações coerentes. Muitos dos países que condenam o Brasil pela degradação da floresta estão entre os principais receptores de produtos ilegais extraídos da Amazônia, o que levanta questionamentos sobre a responsabilidade compartilhada na preservação desse patrimônio global.
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