Na esteira das tarifas implementadas pelos EUA sobre aço e alumínio — elevadas de 25% para 50% em junho — fabricantes locais e globais de diversos setores alertam para o aumento expressivo nos insumos e impactos subjacentes na cadeia de produção.


A força das tarifas nos EUA

Em março, o governo Trump impôs tarifas iniciais de 25% sobre o aço e o alumínio importados. Com a expansão em 4 de junho, subiram para 50%, eliminando isenções anteriores e favorecendo indústrias domésticas como Cleveland‑Cliffs e Steel Dynamics.

  • A Cleveland‑Cliffs registrou aumento de preços no segundo trimestre, apoiado pela nova tarifa, com representantes confirmando uma redução significativa da concorrência estrangeira.
  • Já a Steel Dynamics também elevou preços por conta do custo dos insumos mais altos.

Efeitos nos preços e na produção

As tarifas provocaram disparada nos preços internos de aço e alumínio:

  • O custo médio da tonelada de aço subiu para cerca de US$ 1.015, conforme indicam resultados recentes da Cleveland‑Cliffs.
  • O relatório Beige Book do Federal Reserve, de julho, aponta que empresas em 12 regiões dos EUA já estão repassando esses custos — ou absorvendo no lucro — estimando que “pressão de preços” deve se estender até o fim do verão.

Quem sofre no downstream

Indústrias que dependem de aço e alumínio enfrentam margens comprimidas e repasses de custo:

  • Montadoras: produtores estimam que o aumento de US$ 800 em aço por veículo pode refletir em até US$ 1.500 extras por automóvel.
  • Eletrodomésticos, equipamentos industriais, embalagens metálicas (latas, utensílios) e materiais de construção também têm sentido o impacto.

Repercussão internacional

  • A instabilidade tarifária gerou impactos em fabricantes globais:
    • A siderúrgica SSAB (Suécia) reportou queda de 28% no lucro operacional do 2º trimestre devido à volatilidade de preços gerada pelas tarifas norte-americanas.
    • Agências como Reuters e FT afirmam que o aumento tarifário, já no maior nível desde a década de 1930, gerou incertezas nas cadeias globais, possíveis efeitos estagflação e enfraquecimento de fusões e aquisições.

Reações no mercado americano

  • O CEO da Cleveland‑Cliffs, Lourenço Gonçalves, elogiou as tarifas, porém criticou a política monetária restritiva do Fed, sugerindo cortes na taxa de juros para aliviar a pressão sobre automóveis e habitação.
  • O histórico da políticas tarifárias americana mostra que repasses foram comuns desde o primeiro mandato de Trump, em especial em setores como lavadoras e utensílios domésticos.

Panorama e perspectivas

As tarifas — parte de uma estratégia protecionista mais ampla de Trump, que abrange outros produtos e países — deram sobrevida à indústria do aço dos EUA, mas geraram aumento de preços e incerteza operacional para fabricantes no mundo todo.

Analistas destacam que os maiores efeitos tarifários devem refletir-se nos resultados do terceiro trimestre, à medida que contratos fixos se ajustem aos aumentos de custo

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