Um vídeo recente do neurologista Dr. Denis Birman, compartilhado em seu perfil no Instagram, trouxe à tona uma perspectiva profunda: a oração vai muito além da simples pronúncia de palavras — ela ativa e molda circuitos cerebrais associados à transformação emocional e ao bem-estar.

Estado emocional e resposta cerebral

Dr. Birman destaca que o cérebro não reage apenas ao conteúdo verbal da oração, mas sobretudo às emoções envolvidas. Quando alguém ora tomado por ansiedade, medo ou pressa, o sistema límbico é estimulado, reforçando redes neurais vinculadas ao medo, em vez de promover plasticidade cerebral. Já orações feitas com presença, gratidão e confiança ativam regiões como o córtex pré-frontal dorsolateral, correlacionadas ao desenvolvimento pessoal e à saúde emocional.

Suporte da neurociência

Dr. Birman menciona estudos do neurologista Andrew Newberg, que desde meados dos anos 2000 investiga os efeitos da oração e da meditação no cérebro. Seus experimentos mostram que essas práticas fortalecem áreas responsáveis por atenção, empatia e autocontrole. Newberg identifica também o que chama de “resposta de relaxamento”: um estado induzido pela oração que ativa o sistema nervoso parassimpático, reduzindo os níveis de estresse e promovendo bem-estar.

Além disso, há evidências de que orar com frequência pode levar ao engrossamento do córtex cerebral, associado a menor risco de ansiedade e depressão, como demonstrou Lisa Miller, da Universidade de Columbia.

Dicas práticas para orar com mais benefício

Com base nos dados neurocientíficos, Dr. Birman oferece recomendações para tornar a prática da oração cientificamente mais eficaz:

  • Antes de pedir, agradeça
  • Antes de falar, respire
  • Antes de se desesperar, confie

Essas etapas visam promover equilíbrio emocional e ativar redes neurais positivas, potencializando o efeito transformador da oração.

O que diz a neuroteologia

Estudos em neuroteologia — que exploram a relação entre experiências espirituais e atividade cerebral — identificam padrões comuns:

  • Lobo pré-frontal: maior atividade durante a oração, relacionado à concentração e controle.
  • Lobo parietal: redução de estímulos, o que pode explicar sensações de união com o divino.
  • Lobo temporal e occipital: envolvidos em processamento emocional e visual de símbolos religiosos .

Conexão entre fé, cérebro e vida

O neurologista enfatiza: “O que você alimenta, cresce”. A oração regula a química cerebral, reduz o estresse — alicerçado pelo cortisol — e promove estados de calma, clareza e direção.

Para pessoas que praticam regularmente, a oração se revela mais que um ato espiritual — é uma prática fisiológica capaz de:

  • Reorganizar conexões cerebrais (neuroplasticidade)
  • Diminuir ansiedade e fortalecer a saúde mental
  • Melhorar funções cognitivas como foco e autocontrole

Considerações finais

Orar é, portanto, uma atividade de dupla natureza: espiritual e biológica. A forma como nos aproximamos dessa prática — com presença, gratidão e confiança — pode determinar não apenas a experiência emocional, mas também os benefícios neurofisiológicos a longo prazo.

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