Em 2024, o Brasil registrou uma área incendiada recorde: cerca de 30 milhões de hectares, o que representa um aumento de 62% em relação à média dos últimos 40 anos, estimada em 18,5 milhões de hectares por ano.
Cenário nacional
- Extensão total das queimadas: entre janeiro e novembro, aproximadamente 29,7 milhões de hectares foram atingidos, um aumento de 90% em comparação com o ano anterior .
- Concentração temporal: 72% das queimadas ocorreram entre agosto e outubro, período crítico típico da estação seca.
- Megaincêndios: quase 20% das áreas queimadas ocorreram em incêndios maiores que 100 000 hectares.
Biomas mais afetados
- Amazônia: epicentro dos incêndios, com 15,6 milhões de hectares queimados — um aumento de 117% acima da média — representando 52% do total nacional.
- Cerrado: segundo bioma mais impactado, com 10,6 milhões de hectares queimados — 35% do total do país e 10% acima da média histórica.
- Mata Atlântica: enfrentou o pior ano da série histórica: 1,2 milhão de hectares afetados (alta de 261%), especialmente em áreas agrícolas ao redor de Ribeirão Preto (SP)
- Pantanal: área extremamente vulnerável, com 62% de seu território afetado ao longo das últimas quatro décadas, e 72% dessas áreas terem sido queimadas mais de uma vez.
Causas e fatores agravantes
- Seca histórica: a combinação de El Niño, aquecimento global e redução de chuvas intensificou o período seco e a inflamabilidade dos biomas.
- Origem humana: especialistas do MapBiomas enfatizam que o uso do fogo para ampliar áreas de pastagem e cultivo foi o principal gatilho das chamas.
Consequências e impactos
- Vegetação nativa afetada: nas últimas quatro décadas, 69,5% da área queimada era vegetação nativa — em 2024, essa proporção subiu para 72,7% (cerca de 21,8 milhões de hectares)
- Reincidência: 64% das áreas queimadas sofreram fogo mais de uma vez no período de 40 anos.
- Impactos na saúde e no clima: a fumaça afetou a qualidade do ar em grandes cidades, elevou as emissões de gases de efeito estufa e destacou a fragilidade dos recursos de combate, como aeronaves e brigadistas .
Reação institucional
- Governos estaduais, como Pará e São Paulo, declararam situação de emergência e proibiram o uso do fogo agrícola.
- Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Justiça e STF definiram contexto de “pandemia de incêndios florestais” e mobilizaram reforços, inclusive na fronteira com a Bolívia .
- Multas ambientais expressivas foram aplicadas, como no Pantanal, onde empresas pagaram R$100 milhões por incêndios provocados por manutenção de ferrovias .
Panorama internacional
- As queimadas em 2024 superaram em área a de países como Itália e Grécia e representaram o pior ano para a Amazônia em quatro décadas.
- A tragédia ambiental reforça os desafios brasileiros antes da COP30, que será sediada em Belém, Pará, ainda em 2025.
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