O Reino Unido emitiu uma ordem que obriga Guilherme Serrano, de 11 anos, e Luca Serrano, de 8 anos — criados e escolarizados no país — a retornarem sozinhos ao Brasil. A decisão foi comunicada pelo Home Office em 18 de junho de 2025, gerando comoção e críticas sobre o impacto emocional e social nos menores.

A família Serrano vive no Reino Unido desde 2019. A mãe, Ana Luiza Cabral Gouveia, atua como enfermeira no NHS, e o pai, Dr. Hugo Barbosa, é professor universitário em Exeter . Ambos receberam permissão para continuar no país legalmente, mas a extensão do visto para os filhos não foi concedida.


Motivos da rejeição

  1. Divórcio dos pais: a separação impediu que ambos fossem considerados “settled” ou com residência permanente simultânea — exigência do Home Office para concessão de status aos filhos dependentes.
  2. Novo visto da mãe: Gouveia tem visto de trabalho desde 2022. Barbosa obteve residência permanente em 2024, mas o critério legal exige que ambos os responsáveis atendam às mesmas condições — ou que um deles detenha custódia exclusiva, o que não ocorre.

Consequências para os irmãos

No documento enviado à família, o Home Office alertou que Guilherme corre risco de detenção caso permaneça ilegalmente, o que também poderia impedir o acesso a trabalho, moradia e habilitação. A família teme um impacto emocional profundo, com prejuízo à estabilidade, amizades escolares — o menino já tinha vaga confirmada numa tradicional grammar school — e possível ansiedade por incerteza .


Reação dos pais

Ana Gouveia declarou estar “desolada” e contrariada. Afirma ter cumprido todos os requisitos legais — imigração, emprego, impostos — e expressou indignação por ver os filhos sendo tratados como “criminosos”.

Dr. Barbosa ressaltou que os meninos “não falam português fluentemente”, não frequentam escolas no Brasil, e que a volta representaria “ruptura emocional e social”, ainda mais por terem sido criados no contexto britânico .


Regras implacáveis do sistema

O Home Office justifica que o caso atende às normas migratórias:

  • Os filhos não têm “pais settled ou britânicos” nem custódia exclusiva de um responsável.
  • A argumentação oficial considerou a medida «proporcional ao controle migratório», mesmo admitindo a “ruptura familiar”.
  • Foi sugerido que os irmãos poderiam até frequentar escola em inglês ao retornar, minimizando o transtorno .

Desdobramentos e contexto mais amplo

O episódio reacende críticas à rigidez da política migratória britânica e ao impacto que provoca em famílias migrantes integradas, especialmente em situações de divórcio. Organizações de defesa de direitos de imigrantes argumentam que muitos crianças nascidas ou criadas no Reino Unido correm risco de serem separadas por decisões administrativas que pouco consideram seus vínculos culturais e emocionais .

Dados de 2024 revelam que o governo já deportou mais de 600 brasileiros, incluindo mais de 100 crianças, em três operações secretas de retorno voluntário — seguidas por críticas da sociedade civil por supostos procedimentos pouco transparentes.


Reflexões finais

O caso dos irmãos Serrano coloca em evidência o choque entre leis migratórias e direitos da infância. Ainda que os pais possuam vistos válidos, a exigência por residência simultânea ou custódia exclusiva ignora as especificidades das famílias mistas e arranjos criado por vistos diferentes.

A decisão já provocou reação pública e pressão política por rever os critérios aplicados — sobretudo quando o bem-estar dos menores é claramente comprometido. Para muitos, esse caso exige revisão urgente das práticas do Home Office, com maior sensibilidade ao impacto humano das determinações legais.

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