O Ministério da Saúde, por meio de portaria publicada em 18 de junho de 2025, instituiu o programa “Agora Tem Especialistas” com o objetivo de encurtar o tempo de espera por atendimentos especializados no SUS, incluindo consultas, exames e cirurgias.


Estratégias integradas para ampliar a oferta

O plano mobiliza uma combinação de estruturas e recursos com seis frentes de ação principais:

  1. Aproveitamento máximo da capacidade instalada, integrando unidades públicas, complementares e privadas.
  2. Mutirões e serviços móveis, incluindo carretas especializadas e ampliação de turnos nos estados e municípios.
  3. Comunicação via SUS Digital, mantendo contato direto com pacientes, gestores e profissionais.
  4. Acesso inter-regional e interestadual, especialmente para atenção oncológica.
  5. Fortalecimento da regulação, por meio de Complexos Regulatórios da Saúde.
  6. Formação e provimento de especialistas, por meio de bolsas e seleção emergencial via Mais Médicos Especialistas.

Essas ações se desdobram em oito componentes operacionais, como módulos ambulatorial, cirúrgico, radioterapia, financiamento e ressarcimento ao SUS, reforçando a cobertura especializada de forma complementar.


Debêntures por atendimento e redes de telessaúde

Hospitais privados e filantrópicos com dívidas com a União poderão trocar essas dívidas por atendimento SUS, incluindo consultas, exames e cirurgias, sem custos adicionais.
Planos de saúde inadimplentes também podem ressarcir o SUS por meio de atendimento aos usuários, aumentando a oferta de serviços.

Além disso, o programa amplia a telessaúde com ações como:

  • Criação do Super Centro Brasil de Diagnóstico do Câncer, com teleconsultoria, telelaudos e telepatologia em parceria com o A.C. Camargo e o INCA (estimativa de 1.000 laudos/dia)
  • Implantação de 121 aceleradores lineares até 2026, com seis já entregues em cidades como São Paulo, Curitiba e Teresina.
  • Disponibilização de 150 carretas odontológicas e para especialidades como cardiologia, oftalmologia e mamografia, além de exames como tomografia e raio-X.
  • Instalação de unidades móveis voltadas a caminhoneiros, com integração ao prontuário eletrônico.

Para facilitar o acesso, até 6.300 veículos serão disponibilizados mensalmente para transporte de pacientes, beneficiando cerca de 1,2 milhão de pessoas por mês.


Tecnologias e monitoramento via SUS Digital

Em julho de 2025, será lançado o painel SUS Digital Gestor, com indicadores em tempo real sobre produção, tempo de espera, cobertura e busca ativa de vacinas, utilizando a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS)
Usuários com consultas ou cirurgias agendadas recebem notificações pelo app Meu SUS Digital.


Ampliação de especialistas

O programa destina 3.500 bolsas no total:

  • 3.000 para formação de residentes, fortalecendo o sistema público.
  • 500 para provimento imediato de especialistas via edital do Mais Médicos Especialistas, já em curso.

Contexto e justificativas

Na cerimônia de lançamento em 30 de maio de 2025, o presidente Lula ressaltou a urgência do projeto:

“Não dá mais para aceitar que uma pessoa vá ao médico, receba um encaminhamento e escute que só tem vaga para o especialista em fevereiro do ano que vem. A doença não espera.”

Segundo dados do INCA e do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), há cerca de 370 mil mortes por ano relacionadas ao atraso em diagnósticos e um aumento de 37% nos custos do câncer por agravamento.
O diagnóstico precoce de câncer de mama depende de um aumento de mais de 60% nas biópsias realizadas.

Demografia Médica 2025 revela a concentração de especialistas nas regiões Sudeste e privada, com apenas 10% dos especialistas atuando exclusivamente no SUS.


Conclusão

O “Agora Tem Especialistas” representa um movimento abrangente e estratégico do governo federal, que combine:

  • Uso integrado de redes pública e privada;
  • Ações móveis e regionalizadas;
  • Apostas na tecnologia de telemedicina e gestão digital;
  • Ampliação e descentralização da oferta de especialistas.

O foco é reduzir significativamente as filas de espera, especialmente para câncer e outras especialidades críticas, elevando a eficiência e democratizando o acesso no SUS.

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