Em abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou enchentes históricas que afetaram cerca de 2,4 milhões de pessoas, causaram 181 mortes e provocaram 442 mil desabrigados, segundo dados da Defesa Civil. Além das perdas materiais, emergiu um grave impacto psicológico: inúmeros residentes, principalmente nas faixas de renda mais baixa (abaixo de R$ 1,5 mil), relataram sintomas intensos de ansiedade (100 %), depressão (71 %) e burnout (69 %), frente às incertezas e reorganizações provocadas pela catástrofe.
Pesquisadores da área de saúde destacam que esses eventos extremos acionam traumas que se estendem além do fenômeno em si, com reações como estresse pós‑traumático (TEPT), insônia crônica e até “eco‑ansiedade”, especialmente entre crianças e jovens.
Ondas de calor: mais do que desconforto
O impacto das ondas de calor no bem-estar mental também é evidente. Estudos nos EUA apontam que, em dias quentes, há alta de 8 % a 11 % nos atendimentos de saúde mental, incluindo exacerbação de ansiedade, depressão, comportamentos autolesivos e episódios de agressividade. No Rio Grande do Sul e outras regiões brasileiras, esse estresse térmico se associa a piora de sintomas mentais já existentes e agendas clínicas mais complexas.
Consequências combinadas
O calor prolongado e eventos climáticos agudos contribuem para um aumento na prevalência de casos de:
- Depressão e ansiedade;
- Transtornos de estresse pós‑traumático após desastres;
- Sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, insônia e fadiga crônica.
Além dos impactos individuais, essas catástrofes elevam a demanda por atendimento psicológico, pressionam serviços de saúde e expõem vulnerabilidades em comunidades com menos recursos .
Respostas necessárias
Especialistas salientam a urgência de:
- Monitorar a saúde mental e oferecer suporte especializado após desastres;
- Fortalecer redes de apoio, como grupos comunitários e programas de resiliência psíquica;
- Investir em prevenção e infraestrutura — drenagem urbana, sistemas de alerta e adaptação ao clima — para reduzir a frequência e gravidade dos eventos.
Contexto global
O fenômeno não é exclusivo do Brasil. Pesquisas mostram que desastres naturais duplicam o risco de perturbações mentais e aumentam em até 54 % os casos de depressão, principalmente entre crianças . O termo “eco‑ansiedade” se refere ao medo constante de novos eventos climáticos, um quadro que se espalha globalmente e exige respostas de saúde pública e políticas ambientais integradas.
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